31 dezembro, 2008

Home - Chris Daughtry (clica aqui)

Another airplane
Another sunny placeI'm lucky
I know
But I wanna go home
I've got to go home

Nunca o Verão se demorara


Nunca o verão se demorara
assim nos lábios
e na água
- como podíamos morrer,
tão próximos
e nus e inocentes?

(Eugénio de Andrade)

Austrália. simplesmente magnífico


a nossa casa é o melhor sítio do mundo e não se pode viver sem ter estórias para contar são apenas duas simples verdades que todos conhecemos e de que se fala no magnifico filme Austrália. gostava de conhecer aquela Austrália verdadeira que só existe fora das cidades. tal como em África. de resto são dois continentes com histórias parecidas uma vez que ambos sofreram colonizações que os marcaram para sempre. este Austrália é um romance onde se conta a estória de uma mulher que luta por aquilo em que acredita e que é capaz de enfrentar uma sociedade hipócrita que lhe sorri pela frente e a critica por trás. é a estória de gente racista e desumana e de gente com sonhos para cumprir. é a estória dos ataques japoneses durante a segunda guerra mundial. é sobretudo a estória de um menino que sendo mestiço é repudiado por brancos e pretos. um menino que tem um avô feiticeiro que o protege e que após a morte da mãe encontra uma segunda mãe branca que não sabia o quanto estava preparada para ter tido os filhos que não pôde ter. é enfim um filme magnífico. a não perder se puderem em 2009.

30 dezembro, 2008

O Primeiro Dia . Sérgio Godinho (clica aqui)

Pouco a pouco o passo faz-se vagabundo
dá-se a volta ao medo e dá-se a volta ao mundo
diz-se do passado que está moribundo
bebe-se o alento num copo sem fundo
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

O teu nome


Flor de acaso ou ave deslumbrante,
Palavra tremendo nas redes da poesia,
O teu nome, como o destino, chega,
O teu nome, meu amor, o teu nome nascendo
De todas as cores do dia!

(Alexandre O'Neill)

depois conto tá?


não faço promessas para o ano novo como muita gente. vou mudando de hábitos ao longo do ano conforme me dá na veneta e o que espanta os meus amigos é o facto de como dizem eu cumprir sempre aquilo a que me proponho. de facto não se trata de teimosia como muitos pensam mas de persistência. de vontade própria. de fé. não se espantem. mesmo os ateus têm uma fé mesmo que não o admitam. eu tenho fé no homem e portanto fé em mim. quando alguma coisa corre mal não desisto facilmente. só se eu chegar à conclusão que não há remédio para o assunto. mas quase sempre há remédio. quase sempre é apenas uma questão de persistência. e de paciência. muita paciência. quando se trata de máquinas então é preciso fazer com que elas percebam que somos nós que lhes damos vida. como somos nós que as destruímos. nem que seja apenas pelo muito uso ou por mau uso. eu gosto de máquinas. gosto de lhes mexer. gosto de as sentir como as minhas ferramentas e as minhas mãos direitas esquerdas e por aí fora. pronto. já deitei fora a minha conversa. isto foi só para não vos contar o que vou fazer amanhã. depois conto tá?

29 dezembro, 2008

É Preciso Saber Viver - Titãs (clica aqui)

Toda pedra do caminho
Você pode retirar
Numa flor que tem espinhos
Você pode se arranhar
Se o bem e o mal existem
Você pode escolher
É preciso saber viver

No mistério do sem fim


No mistério do sem-fim
equilibra-se um planeta.

E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro;
no canteiro uma violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,

entre o planeta e o sem-fim,
a asa de uma borboleta

(Cecília Meireles)

será mais uma decepção?


está chegando ao fim mais um ano. já não me bastava ter sido um ano mau ainda tinham que lhe acrescentar mais um segundo. por mim estou-me nas tintas. não vou festejar a morte do ano velho nem o nascimento do novo. não tenho grande coisa para festejar. tirando o facto de ter reatado velhas amizades que não via há muito e que foram aparecendo na minha vida sobretudo quando mais precisava delas. outras se foram. essas para sempre que eu não rompo uma amizade por uma coisa qualquer. só quando percebo que afinal para certas pessoas a amizade é mais uma balela. felizmente não perdi nada nesse domínio. não se perde o que não se tem. é por isso que não se perdem amigos a menos que eles partam. já aqueles com que sempre poderemos contar esses fazem parte da nossa vida e dos nossos pensamentos diários ainda que estejamos muito tempo sem conseguirmos estar juntos ou sequer falar. para terminar o ano com a desgraça do costume e completar um ano para esquecer pois claro Israel invadiu a faixa de Gaza e já são mais de 300 os mortos em poucos dias. uma coisa que me deixa curiosa em relação ao próximo ano é a posição de Obama quanto a este assunto. será que também ele vai continuar a defender os judeus porque são os maiores investidores dos USA? se calhar vai. e eu vou ficar muito desiludida.

28 dezembro, 2008

Toda Sexta-Feira - Adriana Calcanhoto (clica aqui)

Toda sexta-feira toda roupa é branca
Toda pele é preta
Todo mundo canta
Todo céu magenta
Toda sexta-feira todo canto é santo


Na rua feia

Na rua feia, de casas pobres,
morreu o filhinho daquela mulher
que lava o linho rico de um bairro distante.
Morreu bem simplesmente,
assim como um passarinho.
O enterro saiu...
lá vai... um caixãozinho azul
num carro velho de 3a. classe.
Atrás dois autos. Dois.

A tarde irá pôr luto
na rua feia,
de casas pobres?

Garotos brincam de esconder
atrás do muro de cartazes.
Lá no alto
vai-se abrindo grande céu sem mancha
cruzeiro-do-sulmente iluminado.

(Abgar Renault)

querido José


querido José
desculpa só agora responder à tua mensagem de natal mas sabes bem o quanto me custa falar nestas alturas ainda que seja para te dizer que não percebi aquela coisa do empréstimo de € 2468,00 aos funcionários públicos. primeiro porque só se se te lembraste de lembrar os funcionários de que existe desde sempre um serviço de acção social para ajudar quem precisa e acredita que são muitos os que precisam mas realmente porquê € 2468,00 e não € 2500,00? não achas que era assim uma conta mais certa? acho que também devias ter anunciado que o estado está finalmente a pensar em fazer o mesmo que o sector privado enquanto empregador e pagar a sua parte à CGA. é que se assim não for creio que não terei direito a qualquer montante de reforma quando chegar (se chegar...) a minha vez de me reformar. é que tu bem sabes quanto é que eu pago para a CGA e ADSE fora o IRS etc., etc. vens dizer que me dás um aumento de 2,9% e eu quase que aposto que passo a receber menos do que recebo agora. porque o estado é mestre. e tu aprendeste com o mestre ou já tinhas a escola toda. dás com uma mão e tiras com duas. é só conversa querido José.

27 dezembro, 2008

Perfume - Intervalo e Rui Veloso (clica aqui)

Vida à média rés,
Levanta os pés
Não vás em futebois, apesar…
Do intervalo, que é quando eu falo,
Para não me incomodar.

Carpe Diem

Confias no incerto amanhã? Entregas
às sombras do acaso a resposta inadiável?
Aceitas que a diurna inquietação da alma
substitua o riso claro de um corpo
que te exige o prazer? Fogem-te, por entre os dedos,
os instantes; e nos lábios dessa que amaste
morre um fim de frase, deixando a dúvida
definitiva. Um nome inútil persegue a tua memória,
para que o roubes ao sono dos sentidos. Porém,
nenhum rosto lhe dá a forma que desejarias;
e abraças a própria figura do vazio. Então,
por que esperas para sair ao encontro da vida,
do sopro quente da primavera, das margens
visíveis do humano? "Não", dizes, "nada me obrigará
à renúncia de mim próprio --- nem esse olhar
que me oferece o leito profundo da sua imagem!"
Louco, ignora que o destino, por vezes,
se confunde com a brevidade do verso.

(Nuno Júdice)

prefiro menos frio


chegaram juntos frio e chuva para atrapalhar a vida de alguns que ficaram sem saída em estradas cobertas de neve. é o que faz a falta de hábito. em países onde neva com frequência estas situações também acontecem mas não por causa de um nevãozinho a que chamamos cheios de orgulho NEVÃO. pois claro. afinal somos dos poucos países da Europa onde são muito poucos os lugares onde neva. acho que é por isso que nos sentimos tão importantes quando neva um pouco mais do que o costume no nosso país. parecendo que não sempre ficamos mais próximos do resto do mundo. sim. porque afinal até no norte de África neva. só por aqui é que é uma aventura. ainda recordo que em 1983 caíram uns farrapos aqui ao pé de casa e eu peguei nos miúdos e rumei a Sintra convencida que seria uma segunda Serra da Estrela só que mais perto de casa... só que quando lá chegámos nem sinal dela. mas a verdade é que depois de ter assistido ao espectáculo magnífico da queda de neve fiquei satisfeita. por mim prefiro que esteja menos frio. sinceramente.

26 dezembro, 2008

Menina da Lua - Maria Rita (clica aqui)

O céu é teu sorriso
No branco do teu rosto
A irradiar ternura
Quero que desprendas
De qualquer temor que sintas
Tens o teu escudo
O teu tear
Tens na mão, querida
A semente
De uma flor que inspira um beijo ardente
Um convite para amar

O corpo não espera


O corpo não espera. Não. Por nós
ou pelo amor. Este pousar de mãos,
tão reticente e que interroga a sós
a tépida secura acetinada,
a que palpita por adivinhada
em solitários movimentos vãos;
este pousar em que não estamos nós,
mas uma sêde, uma memória, tudo
o que sabemos de tocar desnudo
o corpo que não espera; este pousar
que não conhece, nada vê, nem nada
ousa temer no seu temor agudo...

Tem tanta pressa o corpo! E já passou,
quando um de nós ou quando o amor chegou.

(Jorge de Sena)

não é com portarias que se resolvem as listas de espera


o governo quer acabar com as listas de espera para cirurgias e consultas. o problema é velho. demasiado velho. tão velho que não é com certeza porque sai uma portaria a estipular tempos de espera mínimos e máximos (aqui para nós é ridículo que uma consulta super prioritária tenha como prazo máximo 30 dias!) a verdade é que a saúde em Portugal vai mal há muitos anos. este ano senti na própria pele o quanto mal ela vai. mesmo pagando bem não conseguia uma consulta de especialidade dentro de um prazo razoável. não fosse o facto de ter tantos amigos na saúde à conta de aí ter trabalhado tantos anos ainda hoje estava com problemas. agora não é com certeza com um papel que se resolve o problema. falta tudo. instalações, profissionais e meios de diagnostico no serviço nacional de saúde. sem ovos não há omeletes.

25 dezembro, 2008

Menino do Bairro Negro - Mariz (clica aqui)

Menino pobre teu lar
Queira ou não queira o papão
Há-de um dia cantar
Esta canção

Aviso prévio


o sonho
uma borboleta
quando menos
se espera
a gente acorda
e vai-se
embora
sem deixar
aviso prévio
(Barros Pinho)

falo-te do nosso natal mana velha


o teu neto mais novo tardou mas arrecadou como se costuma dizer. tanto tempo sem pronunciar uma palavra e eis que de repente se pôs a falar pelos cotovelos e correctamente. tal como tu segundo diz a mãe. seja como for aos 3 anos desmascarou o pai que se se quis fazer passar por pai natal. e deu uma lição aos irmãos mais velhos quando disse logo que aquele era o pai deles porque falava com a mesma voz e tinha as mesmas mãos. a princesa então puxou as barbas e viu que o irmão tinha razão. e foi assim que aos 3 anos descobriu a inverdade do pai natal. a verdade é que a tradição já não é o que era. acaba-se a magia e só os miúdos que querem mesmo acreditar em contos de fadas é que fazem os possíveis por manter a fé. eu tinha por volta dos 5 anos e foste tu e o mano que me contaram. por mim era o menino jesus que me deixava as prendas no chaminé. e até o vi uma noite fugir pela chaminé com os pezinhos sujos... provavelmente porque a chaminé não estava muito limpa... de qualquer modo foi um dia bem passado. faltavam os nossos mais novos. um porque a distancia assim o impõe e os outros porque é do feitio deles... mas este já lá vai. felizmente. amanhã retomo o trabalho com o sossego de uma cidade inteira para mim. como eu gosto destes dias... tu sabes mana velha. tenho saudades tuas do pai enfim. a avó também se ausentou neste dia há tantos anos. e eu sinto tantas saudades do tempo em que estávamos todos e a mãe tinha a cabeça boa... agora tu sabes. não está fácil. mas vou fazer os possíveis por ir levando... até quando puder.

24 dezembro, 2008

Hold Still - David Fonseca e Rita Red Shoes (clica aqui)

Oh, I'll hold still for a moment so you'll find me
You're so close, I can feel you all around me boy
I know you're somewhere out there
I know you're somewhere out there

Génesis


De mim não falo mais:não quero nada.
De Deus não falo: não tem outro abrigo.
Não falarei também do mundo antigo,
pois nasce e morre em cada madrugada.

Nem de existir, que é a vida atraiçoada,
para sentir o tempo andar comigo;
nem de viver,que é liberdade errada,
e foge todo o Amor quando o persigo.

Por mais justiça ... - Ai quantos que eram novos
em vâo a esperaram porque nunca a viram!
E a eternidade...Ó transfusâo dos povos!

Não há verdade: O mundo não a esconde.
Tudo se vê: só se não sabe aonde.
Mortais ou imortais, todos mentiram.

(Jorge de Sena)

deixo-vos o cão do mar


passo por aqui um pouco apressada pois já se sabe que hoje é noite de consoada mesmo para quem não acredita como eu. o natal é um pretexto para juntar a família e por esse lado é algo de que gosto. e depois também há o lado de receber telefonemas e mensagens de pessoas que nem esperávamos se lembrassem de nós. não é o caso da Natércia mas há tanto tempo que perdi o número dela assim como de tantos outros amigos que... mas ela conseguiu o meu e isso é que é importante porque vamos poder voltar a contactar uma com a outra depois de termos trabalhado sem atrito alguns anos seguidos aprendendo uma com a outra... que saudades Natércia desse trabalho conjunto. o que eu aprendi contigo! pois mesmo com tudo isto como pedi ao pai natal tempo e ele concede-me tudo o que lhe peço tive tempo para ir dar a minha caminhada à beira mar. pouca gente. só mesmo os de todos os dias. os que não falham. os viciados. como eu. e o cão. não é o cão das lágrimas. é o cão do mar. desejo a todos os que por aqui passam um bom natal. e tempo. para passarem por aqui!

23 dezembro, 2008

Cantigas de Amor - Radio Macau (clica aqui)

Preferias que cantasse noutro tom
Que te pintasse o mundo de outra cor
Que te pusesse aos pés um mundo bom
Que te jurasse amor, o eterno amor

O amor


Amor !
o que é o amor !

Não o creio,
imensurável e sempre
nem passageiro vento
de silêncio pleno
sei-o, lenho tosco
a crepitar desejos
vejo-o, teia de ontens
tecida sei-o, ferida
que dói em revolvê-la
e revolvida
anseio ingente em sentir dor.

(Souza Santos)

um lápis muito valioso


esta é a minha estória de natal para este ano. passou-se hoje e como é provável que não me aconteça outra pelo menos tão boa quanto esta fico já por aqui. enquanto esperava que o comboio parasse na estação de Alcântara para sair um rapaz de cerca de 20 anos e sotaque brasileiro dirigiu-se-me estendendo-me um lápis perfeitamente novo. tão novo que nem afiado foi. na outra mão tinha um cachecol com a bandeira de Portugal desses que costumamos ver nos estádios nos jogos da selecção e não só. não percebi imediatamente porque me estendia o lápis. então disse que não o queria. o rapaz então insistiu. tinha comprado o cachecol e o lápis tudo pelo mesmo preço e ele não usava lápis. para além disso há uns dias que me via no comboio e tentava descobrir de onde me conhecia. até que ontem à noite descobriu. conhece-me daqui mesmo deste meu tempo. é que a irmã é leitora do site e enviou-lhe do Brasil o link e ele agora diz que eu sou a melhor companhia que ele tem embora tenha dificuldade às vezes em entender porque escrevo sem vírgulas. mas que agora já está mais acostumado e até acha graça porque pode ler a mesma coisa com vários sentidos... pois. a ideia é também essa. peguei então no lápis e disse que eu também não uso lápis mas que vou guardar este lápis como uma das melhores prendas de natal que já recebi. entretanto o comboio parou. saímos desejei-lhe um natal o melhor possível uma vez que se encontra em terra estranha. esqueci-me de lhe perguntar o nome. é o costume. ele gosta das estórias da minha infância e das outras do cotidiano. conhece-me sabe o meu nome e eu nem isso sei dele. mas um dia destes voltarei a vê-lo. e então pergunto. obrigada pelo lápis amigo. nunca tive um tão valioso.

22 dezembro, 2008

Quem és tu de novo - Jorge Palma (clica aqui)

Quando a janela se fecha e se transforma num ovo
Ou se desfaz em estilhaços de céu azul e magenta
E o meu olhar tem razões que o coração não frequenta
Por favor diz-me quem és tu, de novo?

Frases ventias


Teu beijo
Cata-vento
Que assobia
Frases ventias
Pra ti sem mim
Pelo portão que escorre a calmaria
Nos utensílios
Que a vi servir
Saladas em lavouras de agonia
Com ar de amor
Que mal dormia
Yá,yá
Como porção de arroz
Na água escura
Na desventura de ver o dia
Toda canção de amor
agora é tua
Põe o tecido
Que tu tecia
Arranca esse ardor
Que a moda surta
Carrega meu amor
Com pés de frutas

(Carlinhos Brown)

estou feliz


uma das razões que me levou a abrir este blog foi a fotografia. melhor dizendo. sem fotografia eu nunca teria aberto o blog porque foi através do Picasa que descobri a facilidade de abrir um blog. então decidi que faria deste espaço um lugar onde publicar fotos minhas e não só poesia e música. de facto são das três coisas que mais gosto na vida. e caminhar. por isso o endereço ando onde há espaço. e o nome tem a ver com o meu modo de estar na vida. às vezes fico espantada quando penso na idade em anos que tenho. a que consta do BI. é que na realidade a idade não me pesa. pesam-me outras mágoas mas a idade não. por isso não gosto de dizer nem de ouvir "pois no meu tempo era assim". porque o meu tempo é hoje agora quando. daí ter roubado a Vinicius de Moraes as frases ando onde há espaço e o meu tempo é quando. isto só para dizer que a minha máquina fotográfica já estava a precisar de reforma e agora que tenho uma máquina semi profissional decidi inscrever-me no site "Olhares.com" onde estão publicadas fotos lindíssimas de gente igualmente linda. Ontem publiquei a primeira foto e hoje qual não foi o meu espanto quando percebi que já tinha tido visitas e comentários. fiquei tão feliz que já nem me lembro o que vinha aqui dizer hoje... mas não era com certeza tão importante quanto este sentimento extraordinário que é o de partilhar algo que amo com uma comunidade de internautas igualmente interessados em fotografia. estou feliz.

21 dezembro, 2008

Pois é - Clã (clica aqui)

olhos abertos a ler a situaçãoe reclamar,
e reclamar um pouco do atenção
ao que de mais humano há na nossa condição
menos cegueira, economia e mais educação

Perfume


Nomearás
a abelha.
Do mel
só conheces
o perfume, a pálida
rosa dos favos
em botão.
O gesto
suspenso à espera
da mão esquiva
que o sustente.

(Albano Martins)

acho que sou capaz


chegou o inverno o que quer dizer que o pior já passou. a partir de agora os dias começam a crescer e não tarda nada posso chegar a casa de dia. é claro que teremos frio e chuva mas toda a chuva é abençoada. água. até o cão das lágrimas lembram-se? tudo o que tenha água é abençoado. por alguma razão a maior parte das religiões usa água para os baptismos. deve ser essa. e assim lá fui dar a minha caminhada à beira mar. gaivotas poucas mas bastantes pescadores à linha. é uma maneira de passar o tempo. outros fazem canoagem ou body board ou velejam (estes cá para mim são os mais afortunados em termos de dinheiro o que que não quer dizer que sejam mais felizes que os pelintras como eu). muita gente caminhado. até figuras mais ou menos públicas em tronco nu pois então que se lixe a cor do verão e a idade. o sol estava quente e quando nasce é para todos. até para os que são caras conhecidas de todos nós. foi mais um domingo. agora resta esperar que o natal se acabe rapidamente... e a ver se consigo passar o fim de ano a sós comigo mesma. acho que já achei a minha estratégia. acho que sou capaz.

20 dezembro, 2008

O Pato - João Gilberto e Caetano Veloso (clica aqui)

A voz do Pato
Era mesmo um desacato
Jogo de cena com o Ganso
Era mato
Mas eu gostei do final
Quando caíram n'água
E ensaiando o vocal...

No meio do caminho


No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

(Carlos Drummond de Andrade)

o mais que vi foi um pato


se vejo o natal pelas costas até me parece mentira. etoufarta de não poder fazer uma compra necessária em sossego. estou farta de viver num país onde parece que as pessoas gostam de deixar tudo para o último dia. estou cansada... e por isso aproveitando o dia esplendoroso de sol fui fazer a minha caminhada à beira mar. de morei muito tempo porque fui fotografando ao longo do caminho. no paredão pouca gente. pois. parece que toda a gente se deve ter enfiado no centro comercial... este não é como o do Palma. não fecha. e o tempo que se está numa vaixa para pagar... e o multibanco que bloqueia... e o simplex que não funciona para a maior parte das pessoas. será que sabem que se podem fazer compras on line? será que sabem que não precisam de estar tanto tempo numa fila para pagar um carro de compras... isto digo eu porque também não faço compras on line... é que são tão poucas que não vale a pena. e às vezes a gente tem que ver com os próprios olhos ou compra gato por lebre não é? seja como for. amanhã repito a dose. vou caminhar e fotografar que o mar não está para gaivotas... o mais que vi foi um pato... ah e umas andorinhas do mar.

19 dezembro, 2008

Sexto Andar - Clã (clica aqui)

Um sopro um calafrio
Raio de sol num refrão
Um nexo enchendo o vazio
Tudo isso veio
Numa simples canção
Uma canção passou no rádio
Habitou um sexto andar

Futuro


hão de vir
os indenominados
em uma seta ina-
cabada

Narciso será julgado
com mais freqüência
com asas fartas de temor

a cadência virá primeiro
os passos raros no coração

ninguém sabe este tempo
o sonhar do pêndulo

(André Ricardo Aguiar)

sobre a cegueira


quando li "Ensaio sobre a Cegueira" fiquei encantada. porque o que me encanta em Saramago é sobretudo a imaginação. é uma coisa prodigiosa. isso acontece em tudo o que escreve mas neste caso trata-se de um romance duro capaz de nos pôr um nó na garganta. e às vezes precisamos de um nó na garganta vindo do exterior para percebermos como afinal temos uma vida maravilhosa de que nos habituámos a queixar dia a dia. eu já me desabituei há muitos anos. ao contrário de muita gente os desgostos servem-me para me sentir mais forte e para olhar para o lado e ver que há gente com desgostos imensos e que vive com alegria. quem sou eu para não agradecer à vida tudo o que me deu e tudo o que lhe tenho roubado... a propósito do livro tenho ouvido várias entrevistas com o realizador Fernando Meirelles que se atreveu a fazer um filme do romance. e a entrevista que deu a Marília Gabriela encantou-me. como homem e como profissional. a simplicidade dos génios é o que mais me encanta. o não se terem ainda descoberto enquanto tal. o achar que se fez muito pouco para se ser reconhecido como alguém fora do comum. hoje fui ver o filme. numa sala com 5 (cinco!) pessoas. e percebi porque é que Saramago chorou quando viu o seu romance transformado em filme. parabéns Saramago. parabéns Meirelles. a mostra da realidade dura e crua desgosta muita gente... que gosta de imaginar que vida é cor de rosa como nos velhos contos de fadas... mas já esqueceram que mesmo aí existem as bruxas más.

18 dezembro, 2008

Meu Guri - Chico Buarque (clica aqui)

Quando, seu moço
Nasceu meu rebento
Não era o momento
Dele rebentar
Já foi nascendo
Com cara de fome
E eu não tinha nem nome
Prá lhe dar

Fui eu


Fui eu esse menino que me espia
- melancólico olhar, sereno rosto,
postura fixa e o todo bem composto
- no retrato que o tempo desafia.

Fui eu na minha infância fugidia
de prazeres ingênuos, e o desgosto
de sentir tão efêmera a alegria
bem depressa trocada em seu oposto.

Fui eu, sim; mas o tempo que perpassa
e tudo altera nem sequer deixou
um grão de infância feito esmola escassa.

Fui eu: e na figura só ficou
o olhar desenganado, na fumaça
em que a criança inteira se mudou.

(Fernando Py)

nem assim é natal


sabes avó quando eu leio livros de um senhor chamado Mia Couto e que é moçambicano lembro-me sempre de ti e das tuas estórias. é claro que as tuas eram relacionadas com outras realidades de vida. eram passadas em países onde só existia gente branca e a guerra não existia. as guerras eram todas entre pessoas da mesma terra e eram relacionadas com água ou com terras ou com amores infelizes. mas eu gostava de te ouvir. era capaz de ouvir estórias que contavas sempre de modo diferente e onde gostavas de misturar umas facadas e uns cortes de cabeça que ainda hoje estou para saber se era por causa das tuas estórias que eu tinha tantos pesadelos. mas a verdade é que não me lembro de nenhum pesadelo relacionado com as tuas estórias. eram sobretudo dois pesadelos recorrentes e eram relacionados com situações da minha vida real. e ainda havia aquele que eu tinha das bonecas a chorar lembras-te? um dia descobriste que eu tinha esse pesadelo sempre que algum mosquito rondava os meus ouvidos. era sempre por esta altura que passava uns dias contigo. vinhas cá para casa e cosias a roupa de um ano inteiro e ficavas admirada com a quantidade de sopa que era preciso fazer porque estavas habituada a cozinhar só para ti e estranhavas que 3 crianças comessem tanto. mas ao fim de dois dias já estavas acostumada e adoravas ter os bisnetos sentados aos teus pés a ouvir as tuas estórias e a aprender os truques de magia que aprendeste quando fugiste com um grupo de saltimbancos. resolveste partir no dia de natal. para mim nunca mais foi natal de verdade. fazia o esforço de fingir que era de verdade porque os miúdos eram pequenos. mas hoje não preciso mais de fingir. hoje eu sei que não há natal. porque tu não estás cá o pai não está cá e a mana velha também não está. os miúdos são adultos e também não estão como estavam. e mesmo com a árvore de natal linda que resolvi fazer... mesmo assim continua a não ser natal.

17 dezembro, 2008

Drão - Gilberto Gil (clica aqui)

Drão!
O amor da gente
É como um grão
Uma semente de ilusão
Tem que morrer pra germinar
Plantar nalgum lugar
Ressuscitar no chão
Nossa semeadura
Quem poderá fazer
Aquele amor morrer
Nossa caminhadura
Dura caminhada
Pela estrada escura...

Fim de Outono
Fim de outono... Folhas mortas...

Sol doente... Nostalgia...
Tudo seco pelas hortas,
Grandes lágrimas no chão
Nem uma flor pelos montes,
Tudo numa quietação
Soluça numa oração
O triste cantar das fontes.

Fim de outono... Folhas mortas...
Sol doente... Nostalgia...

A terra fechou as portas
Aos beijos do sol ardente,
E agora está na agonia...
Valha à terra agonizante
A Santa Virgem Maria!

Fim de Outono... Folhas mortas...
Sol doente... Nostalgia...

(Fernanda de Castro)

agradeço à vida


toda a gente se queixa da crise. até as lojas dos chineses... bem nem todas pelos vistos mas grande parte. recordo-me bem de ver no ano passado reportagens sobre gente fazendo compras de natal nas ditas lojas. era mais barato e conseguiam sempre comprar alguma coisa. este ano parece que a coisa está mesmo "braba". eu nem falo por mim porque nunca fui de gastar muito dinheiro até porque não tenho em presentes de natal. uso sobretudo a imaginação e ofereço muitas coisas que me custam pouco dinheiro e que eu transformo em algo original. isso ocupa-me o espírito e as mãos e eu vou exercitando a imaginação de acordo com a pessoa a quem quero oferecer uma lembrança. por isso posso dizer que não devo ter gasto muito mais que 100 euros e não deixei de fora nenhuma das pessoas a quem costumo oferecer. antes pelo contrário a minha lista aumentou porque se houve uma coisa boa que este ano me trouxe foram novos amigos. e isso não é coisa que se possa esquecer ou menosprezar. a saúde não esteve boa a carteira quase sempre vazia mas os amigos sempre presentes. descobrindo gente que me marcou muito este ano. agradeço à vida que me tem dado tanto. agradeço sinceramente.

16 dezembro, 2008

Viva La Vida - Coldplay (clica aqui)

I used to rule the world
Seas would rise when I gave the word
Now in the morning I sleep alone
Sweep the streets I used to own

O rio


Uma gota de chuva
A mais, e o ventre grávido
Estremeceu, da terra.
Através de antigos
Sedimentos, rochas
Ignoradas, ouro
Carvão, ferro e mármore
Um fio cristalino
Distante milênios
Partiu fragilmente
Sequioso de espaço
Em busca de luz.

Um rio nasceu.

(Vinicius de Moraes)

nem um sapato!


os acontecimentos nas ruas de Paris e agora em Atenas parece preocuparem alguns políticos portugueses. até já ouvi falar num novo Maio de 68! eu era muito jovem e não vivia na Europa. nessa altura tudo me passou completamente ao lado. de qualquer modo não ouço quem cá vivia e é da minha idade ou mais velho referir-se a um Maio de 68 em Portugal. peço desculpa se estou enganada mas cá para mim Portugal e Espanha na altura não faziam parte da Europa. eram com certeza a tão proclamada jangada de pedra de Saramago. só não tinha ainda zarpado. como não zarpou até hoje. não me admira que as coisas em Espanha aqueçam. afinal há uma tradição revolucionária naquele país. agora por aqui? o que vi de mais parecido com isso depois do 25 de Abril foi o movimento dos utentes da ponte 25 de Abril. aí rejubilei. senti que afinal fazia parte de um povo com sangue nas veias. como se costuma dizer quem não se sente não é filho de boa gente. deve ser o que se passa com o povo português. descendentes de um tipo que batia na mãe... não me parece que por cá alguém faça alguma coisa que se veja como atirar sapatos ao José. a malta fala porque tem que dizer alguma coisa. mas no fundo ninguém está para se chatear de verdade.

15 dezembro, 2008

Professora - Pedrito do Bié (clica aqui)

Na minha escola erro vale 5
ai,ai,ai,ai,ai,ai,ai,ai,ai,ai professora chega,
isso é para você aprender

O mundo é grande


O mundo é grande e cabe
nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe
na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe
no breve espaço de beijar.

(Carlos Drummond de Andrade)