29 agosto, 2007

Fly me to the moon - Diana Krall (clica aqui)

Fly me to the moon,
and let me play among the stars.
Let me see what spring is like on Jupiter and Mars.
In other words, hold my hand!
In other words, darling, kiss me!

As realidades


Era uma vez uma realidade
com as suas ovelhas de lã real
a filha do rei passou por ali
E as ovelhas baliam
que linda ela está
a re a re a realidade
Na noite era uma vez
Uma realidade que sofria de insônia
Então chegava a madrinha fada
e realmente levava-a pela mão
a re a re a realidade
No trono havia uma vez
um velho rei que se aborrecia
e pela noite perdia o seu manto
e por rainha puseram-lhe ao lado
a re a re a realidade
CAUDA: dade dade a reali
dade dade a realidade
A real a real idade
idade dá a reali
ali
a re a realidade
era uma vez a REALIDADE.
(Louis Aragon)

Não digas nada.

Quando eu chegar não digas nada. Abraça-me apenas com todo o carinho de que és capaz. Dessa tua maneira sem pressas, devagar, para que eu apague todas as saudades que trago na memória.
Vou ao teu encontro.
E vou também procurar um senhor que anda perdido há mais de 1 ano e que dizem chamar-se Verão. A ver se o encontro. E se o encontrar não o deixo partir antes do fim de Outubro. Para que cumpra a sua obrigação que é a de aquecer corações gelados como o meu.
Por isso, ficamos assim combinados. Deixo este espaço por uns dias e parto ao teu encontro... e a ver se de caminho encontro o Verão.
Mas não esqueças. Abraça-me apenas. Não digas nada.

28 agosto, 2007

Wise Men - James Blunt (clica aqui)

Look who's alone now,
It's not me. It's not me.
Those three Wise Men,
They've got a semi by the sea.
Got to ask yourself the question,
Where are you now?

Apelo


Porque
não vens agora, que te quero
E adias esta urgencia?
Prometes-me o futuro e eu desespero
O futuro é o disfarce da impotência...

Hoje, aqui, já, neste momento,
Ou nunca mais.
A sombra do alento é o desalento
O desejo o limite dos mortais.

(Miguel Torga)

É preciso ir à escola.

Tudo o que se faz nesta vida, convém que se faça bem feito. Se for algo que exige talento pois só se deve fazer com talento ou com uma aprendizagem perfeita, daquelas capazes de deixar de boca aberta quem vê o trabalho feito... seja ele qual for.
A mim sempre me pareceu que para se ser um bom ladrão é preciso ter nascido com várias qualidades como a ausência de moral, a falta de compaixão mas, sobretudo a habilidade. Por isso é que os ladrões da velha escola eram homens especializados em áreas específicas. E digo eram, porque vão rareando... de vez em quando lá aparece um verdadeiro artista do gamanço, mas os tempos áureos estão fora de moda.
Ao que se assiste hoje é sobretudo o amadorismo do gamanço. O tipo que rouba para alimentar o vício da droga... ou simplesmente porque roubar lhe provoca alguma adrenalina. Agora aqueles profissionais que fazem do roubo ou furto um modo de vida já são mais raros.
É por isso que se assiste a cenas como a que aconteceu aqui à porta de minha casa a semana passada com o carro do meu filho. Ele esqueceu aberto o vidro do lado do pendura e apareceram uns tipos que resolveram roubar o rádio e uma caixa de CD'S. Só que isto se passou à luz do dia e ao primeiro aparecimento de passantes, os gatunos fugiram, deixando o rádio, fora do lugar mas no carro e só levaram a caixa de CD'S que pouco valia... não vou dizer porquê senão ainda meto o puto em trabalhos. Mas para terminar, se calhar como pedido de desculpas, deixaram-lhe uns óculos escuros de marca!
Por isso senhor ladrão, se quiser reaver os seus óculos entre em contacto porque aqui em casa não fazemos questão de lhe ficar com os óculos que provavelmente tinha acabado de "gamar"... e já agora, se quiser continuar na profissão de gatuno faça uma aprendizagem, ainda que rudimentar com um mestre...

27 agosto, 2007

Leãozinho - Caetano Veloso e Jane Birkin (clica aqui)


(Como tudo o que se passa hoje por aqui...
a estrela do dia é mesmo o Daniel.
Para ti então leãozinho)

Gosto muito de te ver, leãozinho,
caminhando sob o sol
Gosto muito de você, leãozinho
Para desentristecer, leãozinho,
o meu coração tão só
Basta eu encontrar você no caminho

Canção infantil

Era um amieiro,
Depois uma azenha.
E junto
um ribeiro.
Tudo tão parado.
Que devia fazer?
Meti tudo no bolso
para os não perder.
(Eugénio de Andrade)

Parabéns Daniel.

O Daniel completou hoje um ano de vida. É um menino desenxovalhado, enorme, sorridente, bem disposto... é um bebé grande que veste a roupa dos meninos com dois anos. E é por isso que as pessoas perguntam à mãe, admiradas, se ele não diz nada... pois o Daniel é grande de tamanho mas afinal é apenas um bebé que fez hoje um ano! E sabes Daniel, o Pedro já tem dois anos e meio e também não diz nada. Acho que não está para se maçar. Faz-se entender e entende tudo o que lhe dizemos e é por isso que não lhe apetece gastar tempo a aprender a falar... um dias destes começa dizer tudo direitinho e há-de deixar toda a gentes espantada com o vocabulário, como fez a avó dele... Por isso Daniel o que eu quero para ti, meu neto muito querido é que cresças sempre acompanhado dos teus pais e avós que te querem muito bem... e sempre que puderes faz uma visitinha como hoje à tua avó emprestada que te inventou hoje um belo carrocel... foi ou não foi? E eu pensar que ficavas tonto, qual quê... saíste dali direitinho que nem um fuso! Grande Daniel. Muitos parabéns para ti e para os teus pais e que sejas muito feliz e saudável como eu gostaria que fossem todas as crianças do mundo. Que o teu anjo da guarda nunca se distraia para que nada de mal te aconteça...

26 agosto, 2007

Espatódea - Nando Reis (clica aqui)

Não sei se o mundo é bão
Mas ele ficou melhor
Quando você chegoue perguntou:
Tem lugar pra mim?

Pau de arara


Eu um dia cansado que tava
da fome que eu tinha
eu não tinha nada
que fome que eu tinha,
que seca danada no meu Ceará
eu peguei e juntei
um restinho de coisas que eu tinha:
duas calças velhas e uma violinha
e num pau de arara
toquei para cá.
E de noite eu ficava na praia de Copacabana
zazando na praia de Copacabana
dançando o xaxado pras moças olhá

Virgem Santa
que a fome era tanta
que nem voz eu tinha
Meu Deus quanta moça
que fome que eu tinha

Mais fome que tinha no meu Ceará
puxa vida que num tinha uma vida
pior do que a minha
que vida danada, que fome que eu tinha
zazando na praia pra lá e pra cá
quando eu via toda aquela gente
no come que come
eu juro que eu tinha saudades da fome
da fome que eu tinha no meu Cearà
e ai eu pegava e cantavae dançava o xaxado
e só conseguia porque no xaxado
a gente só pode mesmo se arrastá.

Virgem Santa
que a fome era tanta
qu'inté parecia que mesmo xaxando
meu corpo subia
igual se tivesse querendo voar.

Vou-me embora pró meu Ceará
porque lá tenho um nome
aqui não sou nada
sou só Zé com fome
sou só Pau de Arara
nem sei mais canto
vou picar minha mula
vou antes que tudo rebente
porque estou achando que o tempo está quente
pior do que antes não pode ficar.

(Vinícius de Moraes)

Um domingo perfeito.

Acordei hoje e quando olhei para o relógio pensei que eram 8.15h. Dei mais duas voltas na cama e como não consegui conciliar o sono decidi levantar-me. Convencida que iria chover mas vendo um céu azul e ensolarado, decidi fazer uma caminhada matinal à beira mar. Quase à saída de casa descubro que era uma hora mais cedo do que julgava. Óptimo pensei, quanto mais cedo melhor. E lá parti em direcção a um dos sítios à beira mar onde costumo caminhar.
5 km depois e cheia de calor, decido que está um tempo ideal para a praia embora aquelas por onde vou passando se encontrem quase desertas. Passo por casa a vestir o bikini e a buscar a toalha de praia.
Faço uma hora e meia de praia, dou um mergulho, sinto-me a pessoa mais feliz do mundo por dispor de todas estas mordomias que vida me oferece sem me pedir nada em troca a não ser que não a descuide para que eu possa continuar a usufruir deste privilégio.
Ao fim da tarde decido fazer mais 10 km de bicicleta. Mais um duche e sinto-me como nova. A nova semana que se aproxima soa-me a que será "canja".
Ainda bem que pelo menos para o centro e sul do país os senhores feiticeiros do tempo se enganaram. Pena que em Trás-os-Montes tenha acontecido mais um fenómeno que, qualquer dia com a frequência que vem acontecendo deixa de ser fenómeno e passa a ser uma coisa perfeitamente corriqueira...
Porque insistimos em acabar com o planeta azul?

25 agosto, 2007

Save the last dance for me - Michael Buble (clica aqui)

So don´t forget who´s taking you home
And in whose arms you´re gonna be
So darling,
save the last dance for me
Oh baby you want save the last dance for me
Oh you make want to sthg save, the last dance for me.
Save the last dance the very last dance for me

Acorde


Onde passou o vento
são altas as ervas
e os olhos água
sé de olhar para elas

(Eugénio de Andrade)

Viva a preguiça.

Morreu um homem. Apenas mais um homem. Que foi amado por uns e odiado por outros. Quem o amou lembrará com certeza o que mais o marcou na oralidade e na escrita deste homem que era diferente do comum dos mortais pela cultura imensa que detinha e que sabia partilhar com todos, não se remetendo como a maior parte dos intelectuais a um pedaço de olimpo...
Eu confesso que a crónica de Prado Coelho que mais me marcou, foi escrita há bastantes anos e era um elogio à preguiça. Que eu penso que é realmente uma coisa muito necessária na vida. Tão importante como comer, beber, trabalhar, preguiçar deve fazer parte da vida. Há gente que nunca preguiçou.
A senhora M por exemplo com quem convivi alguns anos, reformou-se aos 80 anos porque a isso a obrigaram mas continua a trabalhar para muita gente. A senhora M nunca teve um dia de férias, uma folga, nada. Quando o marido morreu ausentou-se apenas pelo tempo necessário para tratar e assistir ao mesmo... A senhora M há-de morrer sem perceber o significado lindo da palavra preguiça e achando que quem pára para dar um passeio, ler um livro, fazer uma viagem, enfim, será um calão, um parasita desta sociedade. Abençoada a senhora M, que tenha uma longa vida, sempre com muito trabalho como ela gosta.
Eu por mim estou com o Eduardo. Finalmente tens todo o tempo do mundo para exercer essa actividade importantíssima ao bem estar dos povos e das nações: preguiçar.
Daqui o meu abraço e a saudade que já sinto de ti.

24 agosto, 2007

Alma - Zélia Duncan (clica aqui)

Alma, deixa eu ver sua alma
A epiderme da alma, superfície
Alma, deixa eu tocar sua alma
Com a superfície da palma da minha mão, superfície

Si me amas


Si me amas
te lanzarán tormentas enfermas de amor
te lanzarán una mano abierta dentro de un infierno
te lanzarán un estruendo de belleza imposible
(Oswaldo Roses)

Uma linda senhora

Hoje conheci uma mulher extraordinária. Na verdade já ontem nos tínhamos falado e pelo que percebi alterou a hora de ir à praia para me dizer as coisas que achou dever dizer-me. Pelo que percebi é mestre em algumas artes do espírito, fez-me dizer com ela uma espécie de oração voltadas para o sol de braços abertos, mas se me pedirem para repetir não sei. Quando terminou perguntou-me o que eu sentia e eu tive que contar a verdade e dizer que não tinha sentido nada de diferente... e não foi porque não quisesse, garanto.
Depois tivemos uma longa conversa até à hora de partir. No fim despedi-mo-nos com uma aperto de mão e cada uma disse o seu nome à outra.
Estou convencida que vou encontrar mais vezes esta mulher que me abriu o coração, talvez como forma de eu lhe abrir o meu...é claro que só abri um pedacinho, para ela perceber que tinha feito uma análise correcta acerca de mim. Excepto naquela parte logo ao princípio, quando ela disse que eu era a pessoa com a alma mais generosa que tinha conhecido até hoje. Segundo ela a minha aura é que lhe indicou tudo isto. Segundo me contou já nasceu com estes dotes e já viveu muitas vidas. Numa delas foi rainha em Roma e mataram-lhe o filho acabado de nascer para que não houvesse descendência e tentaram também assassiná-la mas não conseguiram...
É claro que quem me conhece fica logo a perceber que esta personagem me interessa muitíssimo.
Mas é claro que vou passar a olhar para o espelho como ela me aconselhou e pensar quantas mulheres da tua idade gostariam de estar como estás e onde estás? Eu não quero mais ninguém a invejar-me linda senhora.... já basta aquilo que me contou.
Até à próxima que espero não seja muito tempo.

23 agosto, 2007

Nuvem Negra - Djavan, Chico Buarque e Gal Costa (clica aqui)

Esse amor que é raro
E é preciso
Pra nos levantar
Me derrubou
não sabe parar de crescer
e doer

Canção


Tinha um cravo no meu balcão,
veio um rapaz e pediu-mo
- mãe, dou-lho ou não?

Sentada, bordava um lenço de mão;
veio um rapaz e pediu-mo
- mãe, dou-lho ou não?

Dei um cravo e dei um lenço,
só não dei o coração;
mas se o rapaz mo pedir
- mãe, dou-lho ou não?

(Eugénio de Andrade)

Mistério resolvido

Chego à praia ao fim da tarde. Tive um dia de trabalho duro, sabe-me bem mergulhar no mar e sair com a alma lavada. Mas primeiro tive que arranjar um buraco para o popó... vá lá, era um buraquinho mesmo pequenino, ainda pensei se os parceiros dos lados forem gordos não conseguem entrar nos carros, aquilo ficou a moer-me mas afinal se calhar não eram gordos porque quando saí já os lugares estavam ocupados por carrinhos como o meu... melhor assim!
Vejo mal. Bastante mal mesmo, tanto ao perto como ao longe. Mas não uso óculos para ver ao longe. Tenho a minha teoria, que quando não se vê muito bem evita-se ver muita coisa feia que há neste mundo. E foi por isso que ao pôr o pé na areia olhei para o horizonte à minha frente e vi o que me pareceu ser um iate dos grandes a andar a alta velocidade. Tão alta que parecia nem tocar o mar... mas eis que a visão se começa a transformar em avião e eu cada vez mais parva com aqueles objectos voadores que, embora identificados (porque só de uma vez apareceram três) parecia surgirem do fundo do oceano.
Mais tarde ao nadar vi de novo uma nave voadora a fazer a mesma gracinha. Quando cheguei a casa percebi que eram os aviões que ajudaram a combater o incêndio na serra de Sintra. Fiquei mais descansada... mas se calhar com óculos teria percebido imediatamente do que se tratava... pronto. Mistério resolvido.
P.S.: à saída fiz a foto acima. Com todo o carinho para quem me visita.

22 agosto, 2007

Lábios que beijei - Caetano Veloso (clica aqui)

Passo os dias soluçando com meu pinho
Carpindo a minha dor, sozinho
Sem esperanças de vê-la jamais
Deus, tem compaixão deste infeliz
Por que sofrer assim?

Esta mulher


Essa mulher com uma metáfora no ventre:
Choro e marcha e vestido e calças;
Leveza e cicatriz nos olhos:
Mulher como sempre própria para vestígio e monumento.

Queria e conseguia bandeira abrindo alas
Quando bandeiras atravancavam;
E fotografias e o nome sem predicados de macho:
Era uma mulher falada.

Aí não era de graça e danava a circular modinhas;
Adormecia com os lábios mádidos
Desacostumada de cegueira e mudez
E testemunha de um futuro para todos os lados.

Se alimentava de verde e tinha uma fome de água;
Era uma mulher azul
Com litígio no bailado dos dedos
E uma batuta própria para batucada.

Aconteceu de morrer e de a metáfora nascer
E esta suor e multiplicidade
E máquina e mãe
Tálamo da alma, sozinha e acompanhada.

(Jamesson Buarque)

Só um palpite.

Um dia cheio. Já tinha saudades... quer dizer, pensando bem ontem também foi, mas se calhar hoje é que me está a dar o quebranto... Felizmente amanhã anuncia-se um dia tão ou mais cheio que hoje... como diria o meu pai "uma maravalha!" (não sei onde ele ia buscar estas coisas, mas ia... e eu achava piada...)
Pois. Só que estive a ver um bocadinho do telejornal e ouvi que o rapaz que foi baleado na bomba de gasolina em Valença, morreu! Apetece-me dizer um palavrão, só não digo porque sou uma senhora, pois então. Uma senhora gaja, mas de qualquer modo uma senhora!
Quem faz uma barbaridade destas por uns trocados não pode ser normal. Então só os pedófilos é que são doentes? Os assassinos não? Ao fim de metade da pena podem sair por bom comportamento e vir cá para fora acabar com a vida de quem como este rapaz nem tempo teve para viver... Dá-me cá uma gana de os lixar!
Depois, e para acabar só de passagem se realmente é verdade o que se diz do blogue de Luís Filipe Menezes, ai Luisito, Luisito, já te tenho dito que não é bonito andares a enganar-me! Então só porque o que aparece em rodapé é "publicado por", já não estás a enganar ninguém? Olha lá... essa ninguém engole meu caro... Afinal se tens um blog só para copiar o que está na Wikipédia qual é o gozo? É para te sentires assim, mais moderno, mais em linha com o tempo das novas tecnologias? Balha-te deuje, home. Ele há maneiras mais engraçadas de passar o tempo. Mas aqui para nós eu só gostava de ter a certeza que nem copiar ele copia... há de ter algum assessor com acesso ao blogue para lhe fazer o trabalhinho... Mas olha Luisito que eu não estou a afirmar nem tenho provas... é só cá um palpite!

21 agosto, 2007

Every Breath You Take - Sting & Police (clica aqui)

Since you've gone I been lost without a trace
I dream at night I can only see your face
I look around
But it's you I can't replace
I feel so cold and I long for you embrace
I keep cryin baby, baby, please

Estes dias


queimam-me
os dias
dos outros.
rego-me, reinvento o
mundo.
falho.
na minha janela
de ferrugem tórrida
os passarinhos
ainda
fazem amor.

(Ondjaki)

Não espero nada... o que vier é ganho.

Não há nada como experimentar, seja lá o que for para poder emitir uma opinião séria. Hoje em conversa com a filha de Pepe, dizia-me ela "amiga, agora é que eu te compreendo... estes anos todos pensava como podias gostar de estar sozinha, como te podias sentir tão bem... mas agora experimentei e não quero outra coisa... é um sossego, a gente põe as ideias no lugar..." Pois é amiga. Eu nunca pensei que tu fosses capaz de semelhante aventura. Afinal isto é uma coisa a que eu estou habituada e de que sempre gostei... desde que me conheço que sou assim, como tu dizes, individualista. É verdade, eu sei que isto não é uma postura muito normal na nossa sociedade. Eu sei. Desde miúda que era recriminada porque não queria entrar em jogos de equipa. Só queria fazer atletismo, correr sozinha, sem me preocupar com o que tenho que fazer em relação à equipa. E eu gosto, tu sabes, de ajudar... mas trabalhar em equipa, para mim, é isto mesmo: fazer o meu e o dos outros quando os outros não o podem fazer... e a colaboração fica por aqui. Ou seja: está tudo muito bem desde que me deixem quieta no meu canto. É claro que gosto de sair com amigos, cantar, dançar, conversar, mas preciso de ter sempre o meu espaço e não me sentir invadida pelo querer de terceiros. Gosto de chegar aos lugares às horas a que me apetece e sair também. Gosto desta sensação de "em mim quem manda sou eu"... talvez porque eu sou muito calona, tu sabes, ter que esperar por terceiros é muito chato... e eu já tive a minha dose de espera na vida. Agora é assim, amiga vivo o presente, não faço grandes projectos e o que vier à rede é peixe... e nem sequer me preocupa se é miúdo ou graúdo...

20 agosto, 2007

Conta Outra - Maria Rita (clica aqui)

E você tava lá
jogando todo o teu feitiço
pra cima da mulherada lá do bar
Mas eu não caio do salto
não grito, não falto com a minha verdade
Sinceridade, sai que a fila tem que andar...

A palavra mágica

Certa palavra dorme na sombra
de um livro raro.
Como desencantá-la?
É a senha da vida
a senha do mundo.
Vou procurá-la.

Vou procurá-la a vida inteira
no mundo todo.
Se tarda o encontro, se não a encontro,
não desanimo,
procuro sempre.

Procuro sempre, e minha procura
ficará sendo
minha palavra.




(Carlos Drummond de Andrade)

Boa semana.

Começa a semana. Então começo por dizer que ele sempre há gente muito pouco oportunista. Ao contrário do que se diz por aí à boca escancarada... Então um tipo paga cerca de 1000,00 euros por umas fériazinhas normalíssimas na Jamaica e quando lhe sai o brinde quer vir embora, que já não tem espírito para férias? Balha-te deus Vítor não sei das quantas... olha meu, como se diz na minha terra, isso nem parece de um verdadeiro tuga! Cá para mim tens umas costelas fora do sítio! Então dão-te um furacão absolutamente de borla e tu em vez de aproveitares para fotografar e curtir uma coisa que muita gente não viverá jamais, queres é vir para junto da família e dos amigos? Balha-te deus home! Pelo menos a Sónia, essa é cá das minhas. Pagou, fica com direito a brinde e tudo... essa sim é uma verdadeira tuga, como a Maria da Fonte, que teve direito a estátua durante muitos anos num dos largos principais da cidade de S. Paulo da Assunção de Luanda!
Fazem anos que eu saiba a Rita, o António, uma locutora da RFM de que não recordo o nome e mais uma quantidade de gente que não conheço tais como os que acabo de mencionar. Faz anos a Manuela que eu conheço e a quem dei os parabéns logo de manhã. Para o ano exijo que faças festa rija... espero que saibas porquê... se não descortinares fala comigo num pé de orelha que eu logo te digo... Mais um beijinho para ti, sotôra...
E pronto... acabou uma semana em que o Eduardo chegou e disse, tirou o chapéu e... logo se verá. Mas lá que o que disse é tudo verdade lá isso é! Pelo menos para mim que penso igualzinho a ele. Beijo também para ti.
Boa semana para todos.

19 agosto, 2007

DESTE LINDO LUGAR MAL FREQUENTADO

Entristeço-mo neste final de domingo que passei fazendo ranço e por entre pensamentos dispares e ocorre-me que importantes são as pessoas e não as pessoas importantes.
Vivo num país que muito gosto mas onde se confunde notoriedade com popularidade rasca e artificial e onde os arautos e não só arautos da política se esqueceram à muito tempo que são eleitos porque se propuseram defender as pessoas e dignificá-las e depois de eleitos apenas protegem os seus interesses e os dos seus acólitos como se o povo não fosse feito de gente.
Vão-se revesando no poder e criando pequenos sistemas totalitaristas para se governarem a bel-prazer à conta do Zé Povinho hoje sem dúvida zé-otario.
Se Sócrates fosse vivo certamente morreria de vergonha com as idéias peregrinas do seu homónimo e só certamente a decepção justifica o facto de raramente o pai do nosso primeiro se deixar ver.
Deixem-se estar portugueses que qualquer dia quando quiserem reclamar a multa de transito têm que deixar o Sr. Guarda apalpar-vos a mulher e a filha e se o gajo for tarado até a mãe.
Bem Hajam

Todo o Tempo do Mundo - Rui Veloso -

Houve um tempo em que julguei
Que o valor do que fazia
Era tal que se eu parasse
o mundo à volta ruía
E tu vinhas e falavas

falavas e eu não ouvia
E depois já nem falavas
E eu já mal te conhecia

Morre lentamente

Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Morre lentamente...


(Pablo Neruda)

Pois sou!

Acabo de ouvir Rui Veloso na canção que decidi publicar hoje. É assim que me sinto depois de mais um fim de semana neste Agosto tão sossegado que corre o risco de virar um tédio. Quando sinto que tenho realmente todo o tempo do mundo, não só para ti mas para toda a gente. Quando sobretudo tenho todo o tempo do mundo para mim. Quando tenho que inventar coisas para fazer, ou simplesmente aproveitar o sossego e gozá-lo.
Acabei hoje o Bom dia camaradas de que vos falei ontem aqui. Confesso que a morte do camarada António no dia em que se anuncia finalmente a paz em Angola me fez vir uma lágrima ao olho. E olhem que isto não é normal. Não sou de me derramar em lágrimas com livros ou filmes... ficção é ficção e está a andar. E eu sei que o livro de Ondjaki conta apenas a estória de um certo período da infância, o final, mesmo antes de entrar na adolescência, quando começamos a pensar que sabemos tudo da vida, quando passamos os piores e os melhores momentos das nossas vidas. Quando se fazem amizades que duram para toda a vida ou se desfazem por circunstâncias da vida em pouco tempo... mas guardamos a lembrança dessas amizades e de vez em quando sem sabermos porquê, vem-nos à ideia e resolvemos procurar saber das pessoas que em certa altura nos disseram alguma coisa... é claro que já me tem acontecido achar que não vale a pena entrar em contacto com alguém porque os percursos, as opções de vida foram tão diferentes que não valem o desgaste de uma tentativa de reaproximação. Eu sei que isto pode chocar muita gente, mas é assim que penso. Sou elitista sim senhor. Ah pois sou!

18 agosto, 2007

Beijo Roubado - Ney Matogrosso (clica aqui)

Para mim está tudo errado
Beijo roubado tem mais sabor
Pra mim está tudo errado
Beijo roubado tem mais calor

Um céu e nada mais


Um céu e nada mais - que só um temos,
como neste sistema: só um sol.
Mas luzes a fingir, dependuradas
em abóbada azul - como de tecto.
E o seu número tal, que deslumbrados
eram os teus olhos, se tas mostrasse,
amor, tão ribalta azul, como de
circo, e dança então comigo no
trapézio, poema em alto risco,
e um levíssimo toque de mistério.
Pega nas lantejoulas a fingir
de sóis mal descobertos e lança
agora a âncora maior sobre o meu
coração. Que não te assuste o som
desse trovão que ainda agora ouviste,
era de deus a sua voz, ou mito,
era de um anjo por demais caído.
Mas, de verdade: natural fenómeno
a invadir-te as veias e o cérebro,
tão frágil como álcool, tão de
potente e liso como álcool
ímplodindo do céu e das estrelas,
imensas a fingir e penduradas
sobre abóbada azul. Se te mostrasse,
amor, a cor do pesadelo que por
aqui passou agora mesmo, um céu
e nada mais -que nada temos,
que não seja esta angústia de
mortais (e a maldição da rima,
já agora, a invadir poema em alto
risco), e a dança no trapézio
proibido, sem rede, deus, ou lei,
nem música de dança, nem sequer
inocência de criança, amor,
nem inocência. Um céu e nada mais.

(Ana Luísa Amaral)

Bom dia camaradas

É o título do romance de Ondjaki que estou a ler e que me transporta a uma infância bem diferente da minha, mas contendo os mesmos cheiros e cores. Digamos que eu sou a tia Eduarda da estória de Ondjaki. Aquela que viveu em Luanda no tempo dos tugas, quando os pretos eram maltratados, pelo menos segundo a informação oficial que o menino que escreve tem e que não consegue confirmar com o camarada António que trabalha como cozinheiro para a família e para quem vinte minuto é tempo para tudo e para mais alguma coisa. Aquela que vive em Portugal aonde não são necessários cartões de racionamento e onde o presidente da república pode passear a pé ao domingo sem guarda-costas, ao contrário do presidente angolano que se faz rodear do aparato de dezenas de batedores que obrigam os condutores a pararem e sair dos automóveis para que haja a certeza de que ninguém tem intenção de cometer um atentado contra o presidente dos Santos.
Ondjaki como sempre escreve com muita cor. E tenho lido muitas estórias sobre a Angola pós colonial mas, só neste romance entendo a dimensão exacta em que vive o povo angolano. Talvez Ondjaki tenha a sorte de ser um puto novo e de ter começado a escrever numa altura em que a censura é menos rígida. Mas há uma coisa que ele tem que não tem nada a ver com sorte. É o talento de um contador. Por isso um dia destes comprei de uma vez três livros dele que ainda não tinha e estou inquieta para acabar este e começar o próximo.
Querido Ondjaki, recebe um beijo desta tua tia Eduarda que te dá os parabéns por seres só e apenas o que és: escritor!
Boas estigas!

17 agosto, 2007

Love kills - Freddie Mercury

Love kills - thrills you through your heart
Love kills - scars you from the start
It's just a living pastime
Ruining your heartline
Stays for a lifetime won't let you go
Cause love (love) love (love) love won't leave you alone

Último tesão



Alombo contigo há uma porção de anos
e vou-te dizer és um chato
não tens ponta de paciência
para a vida nem para ti próprio

já te ouvi discursos a mandar vir
já te carreguei às costas
bêbedo como um Baco de aldeia
mijando as ceroulas
és um adolescente retardado
faltou-te sempre a quadra do bom senso

vez por outra um livrinho
de versos vez por outra nada
qualquer um do teu tempo
está bastante melhor do que tu
deputado administrador de empresa
ministro da maioria
puta (alguns chegaram a isso)

só tu meu inocente brincas com a neta
açulas o cão pedindo
à família que te ature
o tipo um dia destes morde-te
que é para aprenderes

mas aqui entre amigos
vou-te dizer também
uma coisa importante não cedas
à tentação de mudar
fica nesta pele que é tua

como é que tu escrevias
merdalhem-se uns aos outros

o país mete dó

guarda o último tesão
para mandares
meia dúzia de canalhas à tabua




(Fernando Assis Pacheco)

Em paz com a vida.

Considerei o conselho do Bartolomeu e a minha experiência e atravessei de novo a Ponte Vasco da Gama. Para mergulhar não no rio, mas na vida como aconselhou o meu filósofo de serviço.
Não sei porque é que as pontes me fazem bem, especialmente a Vasco da Gama. Esta se calhar é só por ser tão grande que dá tempo para pensar na vida enquanto a atravessamos, usando a faixa direita, quem tiver pressa que vá andando que o que eu quero mesmo é recuperar o meu equilíbrio. E consegui. Mas acho que nunca atravesso uma ponte sem me lembrar do Professor Agostinho da Silva, dizendo naquele tom monocórdico mas expressivo que um homem nunca atravessa duas vezes a mesma ponte. Ele é que sabia das coisas! Quando cheguei à margem esquerda era uma e quando regressei à margem direita era outra pessoa. Era de novo uma pessoa feliz.
Pois a boa disposição voltou, já não estou zangada, nem com a vida nem com ninguém. Mesmo assim EGV tens que me desculpar não ter aceite o teu convite de hoje mas repetir Porto em tão pouco tempo seria dose demasiado grande. Sobretudo quando o tempo não se anuncia grandes coisas lá para aquelas bandas, amigo. Mas custa-me sempre dizer-te não, porque sei que tu és o AMIGO de todas as horas, aquele com quem não preciso de estar constantemente em contacto porque me conhece quase tão bem quanto eu mesma.
A nossa conversa ao telefone também me ajudou e é preciso que saibas isso.
Não. Não te vou cobrar nada, já sabes. A porta está aberta quando quiseres, como sempre esteve e sempre estará. Quem tem um amigo como tu pode dispensar muita coisa desta vida. Portanto mais uma vez desculpa mas receei que não fosse boa companhia este fim de semana... fica para a próxima.
E para a próxima fica também outra zanga que esta já passou. Estou em paz, com a vida.

16 agosto, 2007

Jeito estúpido de te amar - Maria Bethania (clica aqui)

Eu tento achar um jeito de explicar
Você bem que podia me aceitar
Eu sei que eu tenho um jeito meio estúpido de ser
Mas é assim que eu sei te amar

E de novo, Lisboa



E de novo, Lisboa, te remancho,
numa deriva de quem tudo olha
de viés: esvaído, o boi no gancho,
ou o outro vermelho que te molha.


Sangue na serradura ou na calçada,
que mais faz se é de homem ou de boi?
O sangue é sempre uma papoila errada,
cerceado do coração que foi.


Groselha, na esplanada, bebe a velha,
e um cartaz, da parede, nos convida
a dar o sangue. Franzo a sobrancelha:
dizem que o sangue é vida; mas que vida?


Que fazemos, Lisboa, os dois, aqui,
na terra onde nasceste e eu nasci?


(Alexandre O´Neill)

Que cansaço!

Devíamos nascer de geração espontânea. Poupava-se uma quantidade de trabalhos e chatices. A família, filhos incluídos, pode ser uma coisa muito bonita mas dá um trabalho que às tantas só apetece fugir. Para muito longe, sem contactos, para que ninguém nos encontre... mais ou menos como quando desapareci para Malta (só que levei telemóvel). Acabada de chegar ao hotel o meu filho mais velho liga-me dizendo que vinha passar o fim de semana a casa (ele fez o curso em Santarém) e ia caindo para o lado quando eu respondi que ele até podia ir passar o fim de semana a casa mas eu não estava lá... é claro que esta estória é uma das muitas que ele conta a meu respeito, quando quer ilustrar a mãe que tem.
Pois é isso que me apetece fazer... e se calhar vou mesmo fazer: desaparecer para que ninguém me ponha a vista em cima, esquecer o telemóvel em qualquer parte e mergulhar no mar até ficar sem fôlego, até me sentir de alma lavada. Fazer de conta que o meu mundo sofreu um terremoto e só sobrei eu.
Mas nesta altura não é fácil arranjar um cantinho onde ficar e está demasiado frio para dormir na praia. Pelo menos para mim que sou um animal de sangue frio que só se sente bem ao sol.
Eu sei. Amanhã já me terá passado a zanga, mas hoje realmente estou furiosa. Porque toda a gente está sempre à espera que eu esteja disponível quando lhes apetece, como se eu não tivesse vida própria.
Que cansaço!

15 agosto, 2007

Esse cara - Maria Bethânia (clica aqui)

Ele está na minha vida porque quer
Eu estou pra o que der e vier
Ele chega ao anoitecer
Quando vem a madrugada ele some
Ele é quem quer
Ele é o homem
Eu sou apenas uma mulher

Segredo


A poesia é incomunicável.
Fique torto no seu canto.
Não ame.

Ouço dizer que há tiroteio
ao alcance do nosso corpo.
É a revolução? o amor?
Não diga nada.

Tudo é possível, só eu impossível.
O mar transborda de peixes.
Há homens que andam no mar
como se andassem na rua.
Não conte.

Suponha que um anjo de fogo
varresse a face da terra
e os homens sacrificados
pedissem perdão.
Não peça.

(Carlos Drummond de Andrade)

Só para sobreviver


Atravesso Lisboa pela segunda circular. Chove. Chove e eu tenho a sensação de que a chuva é bem vinda. Tenho saudades de caminhar à chuva. Dirijo em direcção à ponte Vasco da Gama e a chuva vai caindo, cada vez mais forte. A meio da ponte começa a rarear, sinto o sol bater-me na cara, penso a chuva fica em Lisboa e eu aqui, olhando o rio que corre sossegado, este rio que não sabe porque é que chove na margem direita e não na margem esquerda...
Conduzo só por prazer, porque me apetece fugir de ti, de mim, de nós da nossa estória que é a única que conheço que não tem princípio, meio e fim... Porque parece que nunca começou, logo nunca aconteceu, nunca poderá terminar... olhamo-nos como estranhos que se querem. Temo-nos e depois fica um sabor de e agora o que é que fazemos? Somos tão diferentes, não há nada em comum, nada de amor, só desejo... mas é claro que tu dizes que não. Que não seria possível manter uma relação assim sem amor... mas é! Tu não sabes, tentas mentir a ti mesmo, porque as convenções dizem que uma relação destas só se mantém com amor. Mas é mentira meu querido. Sabes... neste mundo tudo é possível. Podemos inventar o que quisermos, com eu te invento todos os dias. É preciso sobreviver... já ninguém acredita que pode viver senão as crianças. Sabemos que para sobreviver temos que nos reinventar todos os dias, interpretar novos papéis... e é preciso fazê-lo bem feito. É preciso mostrar a todos que somos capazes... de sobreviver.

14 agosto, 2007

When You Kiss Me - Shania Twain (clica aqui)

And when you kiss me
I know you miss me
Oh, the world just goes away
When you kiss me

Souvenir




Como é doce e triste por vezes ouvir
Algum som antigo trazido à memória,
E ver, como em sonhos, algum rosto querido,
Trecho de paisagem, campo, rio ou vale,
Lembrança tão breve, triste e agradável,
Algo que recorde o tempo bom da infância.
Então em dor feliz as lágrimas brotam,
Esse choro subtil que na mente aguarda,
E tudo o já sentido - campo, rio e voz -
Toma outro alcance, na memória adornado,
E lento emerge em fantasiosa luz.
Mas, ai, eis que acordo p'los sonhos traído!
O que sinto e ouço apenas ilusão,
Porque o passado não pode regressar.
Estes campos não são os que eu conheci,
Os sons não são os que ouvi; tudo passou
E tudo o que é passado, ai, não volta mais.


(Alexander Search)

Allez, allez!

Hoje não sei muito bem o que tenho para dizer. O dia correu bem, mas não acabou como eu planeei. A maré estava cheia ao fim da tarde e não havia areia na praia de que gosto. É demasiado pequena, quando as marés são grandes não resta areia, pronto paciência, acabei por dar uma volta de carro, precisava de relaxar, e conduzir, sobretudo à beira mar relaxa-me, faz-me bem. Sobretudo agora em Agosto quando todos estão fora da cidade e arredores e os que estão (que são cada vez mais) estão entocados em casa... por falar nisso, alguém me pode explicar porque é que os reformados continuam a fazer férias em Julho e Agosto como quando estavam no activo, quando os outros meses até são muito mais baratos? Não. Não estou a falar de férias na praia mas de visitas a cidades ou mesmo idas para o Brasil ou destinos semelhantes que são muito mais atractivos noutras alturas do ano... Se alguém me souber explicar (tirando essa de que o homem é um animal de hábitos, claro, que essa até eu descortino) faça favor de me dizer que eu gostava mesmo de saber.
É claro que quem ganha com com isto são os que como eu fazem férias lá fora nos períodos mais calmos. Sai muito mais barato e, como quem como eu não faz parte das 100 maiores fortunas portuguesas tem que deitar o olho a estas oportunidades...

Acho que por hoje já falei demais... é claro que devem ir de férias nesta altura, só os parvos como eu é que não vão, não prestem atenção às patetices que invento e deixem-me ir de férias em Outubro, princípios de Dezembro, Março, Maio... Allez, allez!

13 agosto, 2007

Et maintenant - Gilbert Becaud (clica aqui)

Et maintenant que vais-je faire
Vers quel néant glissera ma vie
Tu m'as laissé la terre entière
Mais la terre sans toi c'est petit
Vous, mes amis, soyez gentils
Vous savez bien que l'on n'y peut rien
Même Paris crève d'ennui
Toutes ses rues me tuent

Sobre a pintura de um ramo florido - "Primavera Precoce", de Wang

1958 Poster by Salvador Dali

Quem disse que a pintura deve parecer-se com a realidade?
Quem o disse vê com olhos de não entendimento
Quem disse que o poema deve ter um tema?
Quem o disse perde a poesia do poema
Pintura e poesia têm o mesmo fim:
Frescura límpida, arte para além da arte
Os pardais de Bain Lun piam no papel
As flores de Zhao Chang palpitam
Porém o que são ao lado destes rolos
Pensamentos-linhas, manchas-espíritos?
Quem teria pensado que um pontinho vermelho
Provocaria o desabrochar da primavera?

(Su Dong Po)